segunda-feira, 31 de março de 2008

Ligação de longa distância

Alô?
Quer saber? Não fala nada.
Escuta. Tenho tanto a te dizer, tanto...
Sabe a única coisa de que me arrependi nessa vida toda?
De, naqulele dia nao ter pegado sua mão e ter fugido. Se assustou? Não tô brincando, não. Teria fugido mesmo, nem daria tempo de irmos a cidade mais proxima pra você fazer suas malas e então seguirmos mundo a fora. Era a roupa do corpo e todo nosso amor pra servir de garantia.
Você não é um amor pra distrair, você nao é um quase amor, muito menos um amor inventado.
Inventado é a gente. Eu e você.
E se eu pegasse na sua mão e dissesse "vamo", você iria? Não responde. E, antes de mais nada
a intenção não é te sufocar com as minhas perguntas, nem a minha é encontrar respostas. Não
é que eu tenha medo dela, eu não tenho medo de nada! Porque pra você o meu coração é escancarado, me doar é meu esporte preferido.
Sabe oque é? Não gosto dos planos, eles não nos permitem ousar. E nessa nossa história
o que menos faltou foi ousadia. Planejar a nossa fuga não seria ousado, porque planos, na maioria das vezes, não dão certo. E com você minha vida é certa lá naquele cenário de casas e ladeiras velhas, sem planos pro futuro e com muita ousadia.
Arrisco dizer que te amar assim é ousado, coisa pra poucos (e loucos).
Sou uma dos poucos e dos loucos, principalmente.
Quando peguei no telefone pensei somente em comentar com você dessa nossa sincronicidade, de a quilômetros de distância eu pensar que você sentiu saudades e me mandou um recado. E aí ao verificar nas minhas mensagens ele estava lá, bem como no meu pensamento. Mas deixa, isso é
bobagem, você pode simplesmente dizer que foi pura coincidência, apesar de eu acreditar no simples SENTIR. Mas é que as palavras não cabem em mim e eu tive que falar,
me desculpe, eu preciso desligar.

domingo, 23 de março de 2008

Ponho os meus olhos em você, se você está.
Dona dos meus olhos é você, avião no ar.
Dia pra esses olhos sem te ver é como o chão do mar.
Liga o radio a pilha a tv, só pra você escutar nova música que eu fiz agora,
lá fora a rua vazia chora.
Os meus olhos vidram ao te ver, são dois fãs, um par.
Pus no olhos vidros pra poder, melhor te enxergar.
Luz nos olhos para anoitecer é só você se afastar.
Pinta os lábios para escrever a sua boca em mim.Que a nossa música eu fiz agora,
lá fora a lua irradia a gloria.E eu te chamo, eu te peço vem.
Diga que você me quer, porque eu te quero também.
Faço as pazes lembrando, passo as tardes tentando lhe telefonar.
Cartazes te procurando, aeronaves seguem pousando sem você desembarcar,
pra eu te dar a mão nessa hora, levar as malas pro Fusca lá fora.
E eu vou guiando, eu te espero vem.
Siga aonde vão meus pés, porque eu te sigo também.
Eu te amo, eu te peço vem.Diga que você me quer,
porque eu te quero também

Você pode até preferir com Nando Reis, mas é que eu gosto do timbre da Cássia, e da emoção
com que ela canta essa música. Que aliás, descreve quase que perfeitamente a nossa
verdade.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Cazuza disse, e somos prova disso, não é mesmo Laura, queridona?

"O tédio é o sentimento mais moderno que existe."

terça-feira, 18 de março de 2008

Amor de longo alcance

Durante sete anos , separados pelo destino, amaram-se a distância. Sem que um soubesse o paradeiro do outro, procuravam-se através dos continentes, cruzavam pontes e oceanos, vasculhavam vielas, indagavam. Bússola de longa busca, levavam a lembrança de um rosto sempre mutante, em que o desejo, incessantemente, redesenhava os traços apagados pelo tempo.
Já quase nada havia em comum entre aqueles rostos e a realidade, quando enfim, num praça se encontraram. Juntos, podiam agora viver a vida com que sempre haviam sonhado.
Porém cedo descobriram que a força do seu passado amor era
insuperável.
Depois de tantos anos de afastamento, não podiam viver senão separados, apaixonadamente desejando-se. E, entre risos e lágrimas, despediram-se, indo morar em cidades distantes.



Marina Colasanti

sábado, 15 de março de 2008

A gente se acostuma


Eu sei que a gente se acostuma.

Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.

A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.

Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.


Marina Colasanti

sexta-feira, 14 de março de 2008

Eu e você, Não é assim tão complicado, não é difícil perceber.
Quem de nós dois, vai dizer que é impossível, o amor acontecer.
Se eu disser que já nem sinto nada, que a estrada sem você é mais segura
Eu sei você vai rir da minha cara. Eu já conheço o teu sorriso, leio teu olhar
Teu sorriso é só disfarce, e eu já nem preciso.
Sinto dizer que amo mesmo, tá ruim pra disfarçar
Entre nós dois não cabe mais nenhum segredo além do que já combinamos.
No vão das coisas que a gente disse não cabe mais sermos somente amigos,
e quando eu falo que eu já nem quero a frase fica pelo avesso, meio na contra-mão.
E quando finjo que esqueço, eu não esqueci nada
E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais. E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro e faço das lembranças um lugar seguro.
Não é que eu queira reviver nenhum passado, nem revirar um sentimento revirado.
Mas toda vez que eu procuro uma saída acabo entrando sem querer na tua vida.
Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa
falar só por falar. Que eu já não tô nem aí pra essa conversa que a história de nós dois não me
interessa. Se eu tento esconder meias verdades, você conhece o meu sorriso
leu no meu olhar.Meu sorriso é só disfarce, por que eu já nem preciso
E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais...



Ana Carolina

terça-feira, 11 de março de 2008

A idade de ser feliz


Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.
Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.


Mário Quintana

sigo a risca!

segunda-feira, 10 de março de 2008

A Pessoa Errada

Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente. Existe uma pessoa, que se você for parar pra pensar, é na verdade, a pessoa errada. Porque a pessoa certa faz tudo certinho: chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas.Mas nem sempre precisamos das coisas certas. Aí é a hora de procurar a pessoa errada. A pessoa errada te faz perder a cabeça, fazer loucuras, perder a hora, morrer de amor. A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar, que é para na hora que vocês se encontrarem a entrega seja muito mais verdadeira.A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa. Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lagrimas, essa pessoa vai tirar seu sono, mas vai te dar em troca uma inesquecível noite de amor. Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar toda a vida esperando você.A pessoa errada tem que aparecer para todo mundo, porque a vida não é certa, nada aqui é certo. O certo mesmo é que temos que viver cada momento, cada segundo amando, sorrindo, chorando, pensando, agindo, querendo e conseguindo. Só assim, é possível chegar aquele momento do dia em que a gente diz: "Graças a Deus, deu tudo certo!", quando na verdade, tudo o que Ele quer, é que a gente encontre a pessoa errada, Para que as coisas comecem a realmente funcionar direito prá gente.
Nossa missão: Compreender o universo de cada ser humano, respeitar as diferenças, brindar as descobertas, buscar a evolução.



Luís Fernando Veríssimo

domingo, 9 de março de 2008

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera. Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara?
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.



Arnaldo Jabor

segunda-feira, 3 de março de 2008

"Não pense que a pessoa tem tanta força assim a ponto de levar qualquer espécie de vida e continuar a mesma. Até cortar os defeitos pode ser perigoso - nunca se sabe qual o defeito que sustenta nosso edifício inteiro…há certos momentos em que o primeiro dever a realizar é em relação a si mesmo. Quase quatro anos me transformaram muito. Do momento em que me resignei, perdi toda a vivacidade e todo interesse pelas coisas. Você já viu como um touro castrado se transforma em boi. Assim fiquei eu…Para me adaptar ao que era inadaptável, para vencer minhas repulsas e meus sonhos, tive que cortar meus grilhões - cortei em mim a forma que poderia fazer mal aos outros e a mim. E com isso cortei também a minha força. Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma."


Clarice, tá difícil mas eu tô tentando. Obrigada por me confortar em sua poesia sempre, pois nela eu acabo ouvindo os desejos da minha alma (que nao são poucos) e criando mais força para atender a todos.

domingo, 2 de março de 2008

Sobre sextas-feiras de carnaval

ontem acordei e passei o dia inteirinho com você na cabeça. E a dias atrás você estava lá. No dia certo. Na hora certa. E tudo era, no mínimo, inapropriado. Depois de tanto desencontro nessa vida, era aquele o nosso dia (mais meu do que seu?). O mundo inteiro sabia. Quem nao sabia, fingiu. E tudo conspirava a nosso favor. Quanta pele.

Nós nos achamos mas eu me perdi.
Hoje eu quero falar sobre você. E tô dando a maior bandeira pra todo o mundo que quer ver.
Te dou meu coração, meu juízo e meu tudo. E sei que nessa vou receber tudo de volta em frações.
Eu sou louca e sei oque é querer alguém igual você. Mas quero tanto que embarco nas suas historias de mundos mais loucos que os meus. Que cidade é essa que vamos ser felizes para sempre?Será que a gente nao tem o direito de ter um cenário de casas e ladeiras velhas pra viver?
Por favor, nao me faça esperar até o ano que vem no carnaval pra dizermos sim pra nós dois.
Preciso de um mapa e um tênis de trilha bem lindo da Timberland pra ir atras de um amor. Que tem nome composto e cabelo bagunçado.