domingo, 5 de julho de 2009

Você é quase cruel.
Quem gosta, não julga.
Ser julgado é a pior coisa que existe (ainda mais pela pessoa que você gosta).
Eu estava investindo meus sentimentos.
De uma maneira tão linda, verdadeira, destemida e profunda...
Cada um desperta a Ellen que merece.
Você despertou a pior de todas.
Você fantasiou. Porque ela, nem se quer existe.
Fui eu mesma. Patricinha, fresca ou nojenta isso são apenas conceitos seus.
Eu não vou mudar para que você me aceite. Queria tanto, mas não posso.
Gosto tanto de você que tiraria de mim pra te dar. Ah, mas eu nao posso!
Isso iria me fazer tanta falta depois...
Como é que se passa quase um mês com uma pessoa, e ela só enxerga coisas ruins?
Eu fui tão verdadeira, e fui julgada de uma forma tão feia, me sinto um monte de merda.
Tudo o que você pensa e não disse eu descobri.
Queria ir te mostrar como eu sou verdadeiramente...
Mas como saber se vou conseguir mudar a idéia que você criou de mim? Se sem me conhecer direito você me julgou erradamente!
Talvez não seja do jeito que você queira.
Se eu me mostrasse dessa forma, estaria passando por cima do meu valor.
Ah, mas o que não fazemos quando gostamos de alguém, não é mesmo?
Será que valeria a pena?
Não que eu vá fingir ser alguém. Será que ainda vale a pena eu ir te mostrar quem é a Ellen que você não conheceu?
Me pego pensando que se você quisesse saber, teria passado mais um tempo comigo...
e não ter ido falar, de uma forma tão fria, calculista e simples tudo que você concluiu nesse seu cérebro que não para de pensar, não é mesmo? E que de intensa atividade começou a concluir coisas precipitadamente...
Mas sabe de uma coisa?
Nada que ninguém pense ou diga ao meu respeito vai mudar o meu valor.
Eu tenho grandes qualidades, não preciso de ninguém pra me dizer porque eu sei disso.
É preciso que você veja com seus próprios olhos, não preciso me explicar...
Ah, mas você não quis nem saber né?
Vou te contar o que você deve saber...
Eu amava andar, mesmo que longas distâncias, com você. Porque você é o único que me fazia refletir sobre vida e sociedade, essas coisas eram tão chatas, e com você elas eram tão importantes...
Adorava conversar na praça, ser interrompida por pipoqueiros bêbados e emos e ainda achava ótimo ficar a tarde inteira fora e gastar só 10 reais. Sabe porque? Eu sou simples, descomplicada, você não tem idéia! Posso de vez enquando dar meus pitis em paz?
Vou te contar uma coisa, aquilo era só pra te enxer, porque eu sou a única pessoa que vai de salto pra praça da liberdade, desce a avenida João Pinheiro inteira e da Aimorés até a Goiás pega ônibus domingo a noite chega em casa e vai contar pras amigas do dia incrível que eu tive e só escutava "porra, que dia esse cara vai te levar num lugar descente?" e "que programa de índio, Ellen" com o maior sorriso do mundo! Dentro de mim havia a certeza de que o meu encontro foi mesmo incrível, e que eu queria mais muitos destes porque eles me deixavam feliz, bem como as coisas simples da vida me deixam (mesmo que eu dê alguns pitis!)...
Queria que esse texto virasse uma carta, uma carta simples, linda e sincera. Sem julgamentos, como eu gostaria que fosse comigo...

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Eu só posso entender quem não tem mais saco pra me ouvir sofrer. Eu não me aguento mais sofrendo, então, imagino quem tá em volta. Tem dias que voce se pergunta, mas porra, de onde vem tanta dor? Fazem 3 anos, essa porra não era pra tá diminuindo? Choro todos os dias, lembro todos os dias, nas coisas pequenas e nas grandes. Meu peito dói, todos os dias. Entendo as fofocas paralelas : "ai, lá vem ela de novo". E, juro por Deus, eu me controlo o mais que eu posso. Pelo menos pelo okkut e ao vivo. No blog não, porque o blog é meu, lê quem quer, quem gosta. Entendo as reviradas de olho, as bufadas, os "não fique assim", que na verdade querem dizer "não fique assim perto de mim, porque eu to de saco cheio". Os amigos tem prazo. Pra você cumprir. Que tenham prazo pra aturar a gente, certíssimos, faz muito tempo, é um saco, recue. Mas botar data pro sofrimento alheio acabar, não dá. Dai que fico muda. Falo aqui e na terapia, mas a terapia não dá conta da dor, que só alivia quando a gente fala sobre. Quando voce vira um chato profissional, voce acaba não tendo com quem conversar, a verdade é essa. Ou voce ouve um "para de sofrer" ou uma edificante lição de vida. Ninguém mais tem saco. Afinal, Ellen, fazem 3 anos, já ouvimos todas as histórias. Mas, peraí, posso ter um blog?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Você me pediu um cigarro

Você foi covarde. Seu amor é forte, seu corpo é fraco. Você foi covarde como tantas vezes fui por acreditar que a coragem viria depois. A coragem não vem depois. A coragem vem antes ou não vem. Não posso amaldiçoar sua covardia. Sua boca não é rápida como suas pernas para me agarrar. Minhas pernas não são tão rápidas quanto minha boca para lhe impedir. Você foi covarde. Pela gentileza de sempre dizer sim, repetidos sim, quando não estava ouvindo. Já desfrutei de sua covardia, ríspido recusá-la agora porque não me favorece. Porque não fui escolhido. Não aquecerei seu prato para servi-lo. Não partirei. Serei aquela que deveria ter sido, enterrada sem morrer, a que desapareceu permanecendo perto. Sou seu constrangimento mais alegre. Sua ferida, seu feriado. Com o tempo, serei sua vontade de se calar. De se retirar da sala. Não conhecerá meus hábitos de puxar o café antes de ficar pronto. De abrir as venezianas como quem procura reunir os chinelos ao vento. Você foi covarde, ninguém iria compreendê-lo. Hoje todos o compreendem, menos você mesmo. Você não se compreende depois disso. O que é imenso é estreito. O que é infinito fecha. Até o oceano tem becos e ruas sem saída. Até o oceano. Sua esperança não diminui a covardia. Quer um conselho? Finge que a dor que sente é a minha para entreter sua dor. Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido.Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia. Você me avisou que não tinha escolha. Nunca teria escolha. Você foi educado com a vida, pediu licença, agradeceu os presentes. Confiou que a vida logo o entenderia. E cederia. Engoliu uma palavra para dormir. Não serei vizinho de seu sobrenome. Seus nomes esperam um único nome que ficou para trás. Você não desencarnou, não se encarnou, deixou sua carne parada nas leituras. Morrer é continuar o que não foi vivido. Vai me continuar sem saber. Você foi covarde. Com sua ternura pálida, seu medo de tudo, sua polidez em cumprir as promessas. Você não aprendeu a mentir. Tampouco aprendeu a dizer a verdade. O dia está escuro e não soprarei a luz ao seu lado. O dia está lento e não haverá movimento nas ruas. Você não revidou nenhuma das agressões, não revidará mais essa. Você foi covarde. A mais bela covardia de minha vida. A mais comovida. A mais sincera. A mais dolorida. O que me atormenta é que sou capaz de amar sua covardia. Foi o que restou de você em mim.


Fabrício Carpinejar