terça-feira, 15 de abril de 2008

Poesia Matemática

Às folhas tantas Do livro matemático Um Quociente apaixonou-se Um dia Doidamente Por uma Incógnita. Olhou-a com seu olhar inumerável E viu-a, do Ápice à Base, Uma Figura Ímpar; Olhos rombóides, boca trapezóide, Corpo otogonal, seios esferóides. Fez da sua Uma vida Paralela a dela Até que se encontraram No Infinito. "Quem és tu?"indagou ele Com ânsia radical. "Sou a soma dos quadrados dos catetos. Mas pode me chamar de Hipotenusa." E de falarem descobriram que eram - O que, em aritmética, corresponde A almas irmãs - Primos-entre-si. E assim se amaram Ao quadrado da velocidade da luz Numa sexta potenciação Traçando Ao sabor do momento E da paixão Retas, curvas, círculos e linhas sinoidais. Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclideanas E os exegetas do Universo Finito. Romperam convenções newtonianas e pitagóricas. E, enfim, resolveram se casar Constituir um lar. Mais que um lar, Uma perpendicular. Convidaram para padrinhos O Poliedro e a Bissetriz. E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro Sonhando com uma felicidade Integral E diferencial. E se casaram e tiveram uma secante e três cones Muito engraçadinhos E foram felizes Até aquele dia Em que tudo, afinal, Vira monotonia. Foi então que surgiu O Máximo Divisor Comum Freqüentador de Círculos Concêntricos. Viciosos. Ofereceu-lhe, a ela, Uma Grandeza Absoluta, E reduziu-a a um Denominador Comum. Ele, Quociente, percebeu Que com ela não formava mais Um Todo, Uma Unidade. Era o Triângulo, Tanto chamado amoroso. Desse problema ela era a fração Mais ordinária. Mas foi então que o Einstein descobriu a Relatividade E tudo que era expúrio passou a ser Moralidade Como, aliás, em qualquer Sociedade.


Millôr Fernandes

domingo, 6 de abril de 2008

"Porque há o direito ao grito.
então eu grito."

Clarice Lispector
Domingo chuvoso, 18°C, uma ressaca absurda, no iPod Maria Rita e um encontro comigo mesma.
E são desses encontros que eu tiro as conclusões que mais doem, são desses encontros que surgem perguntas sem respostas e que não querem calar.
Ninguém é responsável pela felicidade de ninguém.
É isso mesmo, pura verdade.
Não adianta achar que existe um alguém que vai lher procporcionar toda a felicidade do mundo, o único capaz de lhe fazer feliz é você mesmo. Ninguém sabe o que te faz rir, o que te dá prazer a não ser nós mesmos. Nos proporcionar a felicidade é algo simples, mas achamos que precisamos de
alguém que o faça. Sabe porque? Só é feliz quem não tem medo. Apostar fichas, criar expectativas em alguém é simples, é fugaz. Ninguém quer abdicar de nada pra se dar ao luxo de ser FELIZ. Melhor opção? Se apoiar no outro, para que ele sim tenha que abdicar de tantas coisas pra fazer alguém feliz.
Estendo a bandeira do egoísmo sim! Cada um tem o direito de ser feliz a seu modo, cada um que se vire.

É só o começo. Ainda quero dizer algumas verdades que não saem da minha garganta. Doa a quem doer, acabo de assinar minha sentença.