terça-feira, 20 de abril de 2010

Sobre Cobrança

Resolvi entrar numa aventurinha. Foi uma delícia no início.
Engraçado como nessa vida tudo funciona super bem no começo. É que a gente deixa de ser a gente pra entrar num ideal do que seria perfeito.
Ok, foi (quase) perfeito.
Muito gostoso não cobrar e ser cobrada, né? (Será que eu não fui cobrada?).
Ele pode sair sem ela. Ela pode sair sem ele.
Ele faz o que quer. Ela faz o que quer.
Vou confessar para vocês, guardem: é uma delícia relacionar-se sem cobranças.
Satisfação? Permissão? São palavras que jamais existem no voaculário desse amor.
"Ah, hoje eu não quero sair com você". "Tudo bem, faz o que você quiser, te amo".
É tão bom, e até saudável!
E pra quem vê de fora então? Um escândalo!
"O que você está fazendo sem sua namorada?".
Mas e aí? É uma prova de resistência, vou te falar...
Eu resisti várias vezes a pedir com jeitinho para ele não sair de casa. Mas não, "eu estou num relacionamento anti-cobrança, cada um faz o que quer e salve-se quem puder".
Tudo funciona bem no início. Mas SÓ no início.
A cobrança é inata. Filósofos deveriam escrever sobre isso, sabia?
Cobrança é quase um pecado original. Está arraigado na gente.
Vai ver a gente aprendeu com os nossos pais. Os meus cobraram e cobram muito de mim, até hoje.
A gente vai convivendo com isso, (e percebendo que a maioria das pessoas só funcionam quando são cobradas) e aí vai fazendo parte das nossas relações. Sejam elas namorado-namorada, professor-aluno, filho-pais...
Acho que a anti-cobrança está me enlouquecendo.
Não quero mais te ter por aí andando sem mim. Hoje eu estou em casa escrevendo esse texto e você na balada.
EU NÃO GOSTEI!
Pronto. Cansei de ser boba e fingir que isso me faz um bem danado.
NÃO FAZ. Não mais.
Não vou tolerar nada que não me faça valer a pena. Não quero, não posso, não vou!



Infelizmente, tudo têm seu limite.

Manual de instruções

Relacionamento podia ter manual de instruções.
Daqueles que são bem passo a passo.
Ah, podia vir com uma garantia também. Daquelas que a gente guarda muito bem guardada no fundo da gaveta.
Aí é só levar pra assistência técnica. Ok, fica tudo bem. Ele volta novo em folha.
A gente vai usando, usando, passam meses...
E quando não há mais garantia, a gente resolve levar naquele técnico do bairro.
Passa meses lá na lojinha. Empoeirando, e aí vão passando coisas na frente dele, e ele vai ficando de lado.
Aí a gente tenta consertar por conta própria.
Não têm mais garantia. Não funciona mais...Não têm aquele desempenho maravilhoso, aquela sincronia.
A gente tem que recorrer ao manual de intruções. Ao nosso manual de instruções.
Uso demasiado pode causar danos ao objeto.
Doação demasiada pode causar danos ao objeto.
Entrega demasiada pode causar danos ao objeto.
Esforço demasiado pode causar danos ao objeto.
Ele começa não tocando mais a música, aí a luzinha não acende mais, ele vai devagar quaaase parando.
E aí a gente vê que parou.
Nada nem ninguém pode fazer mais nada (eu bem que queria)
Mas quer saber? Tô cansada.
Quero o sabor do meu aparelho eletrônico novo.
Quero o sabor de descobrir a função de tal botão.
Manutenção deveria ser dada por duas pessoas. E não por uma só.